A Vanguard Group, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, tem despertado atenção ao se tornar uma das principais acionistas da MicroStrategy — empresa amplamente conhecida por suas aquisições bilionárias em Bitcoin. Embora mantenha uma postura cética quanto a investimentos diretos em criptomoedas, a Vanguard detém participação significativa na MicroStrategy, o que resulta em uma exposição indireta, porém relevante, ao mercado cripto.
Resumo Rápido (TL;DR)
- Vanguard detém 1,126 milhão de ações da MicroStrategy: Equivalente a 8,24% da empresa.
- MicroStrategy possui 189.150 BTC: Comprados por US$ 5,9 bilhões.
- Participação da Vanguard distribui-se em vários fundos mútuos: Incluindo o Vanguard Total Stock Market e Small-Cap Index Funds.
- Vanguard bloqueou ETFs de Bitcoin em 2024: Citando desalinhamento com sua filosofia de investimentos.
- Exposição indireta ao Bitcoin pode afetar desempenho dos fundos: Dependendo da volatilidade do BTC.
- Setor prevê crescimento de novos produtos cripto: Como ETFs alavancados e empréstimos garantidos por BTC.
A Vanguard e a MicroStrategy: Uma Parceria Não-Intencional?
Em setembro de 2023, a Vanguard registrava mais de 1,126 milhão de ações da MicroStrategy sob sua custódia, o que representava 8,24% da companhia. Isso fez da gestora a segunda maior acionista institucional da MicroStrategy, atrás apenas da própria empresa. Essa participação ocorre por meio de seus fundos mútuos amplamente distribuídos, como o Vanguard Total Stock Market Index Fund, Small-Cap Index Fund, Extended Market Index Fund e Small-Cap Growth Index Fund.
Esses fundos são populares entre investidores de varejo e institucionais por sua abordagem diversificada e equilibrada. Assim, milhões de investidores da Vanguard, mesmo sem querer, acabaram adquirindo exposição ao Bitcoin — por meio de sua alocação em ações da MicroStrategy.
Aposta da MicroStrategy no Bitcoin
A MicroStrategy, por sua vez, está fortemente posicionada como um dos maiores investidores corporativos em Bitcoin do mundo. Até o início de 2025, a empresa e suas subsidiárias acumulavam cerca de 189.150 BTC, comprados ao longo de diversos trimestres por um total de aproximadamente US$ 5,9 bilhões.
“A MicroStrategy tornou-se um ETF de Bitcoin alavancado não-oficial — operando sob um modelo corporativo tradicional.” — Analista da CoinShares
Essa exposição significativa levou analistas e investidores a tratarem as ações da MicroStrategy como um “proxy” para o preço do Bitcoin, com alta correlação nos movimentos de mercado.
Contradição Estratégica: Vanguard e sua Rejeição a ETFs de Bitcoin
Apesar dessa participação relevante, a Vanguard decidiu não oferecer ETFs de Bitcoin em sua plataforma. Em janeiro de 2024, quando nomes como BlackRock, Fidelity e Ark Invest lançaram ETFs de BTC nos EUA, a Vanguard surpreendeu ao bloquear a negociação desses produtos para seus clientes.
A justificativa oficial da empresa é que criptomoedas “não se alinham à filosofia de investimento de longo prazo, baseada em ativos tradicionais como ações, títulos e dinheiro”. Essa decisão gerou críticas entre os entusiastas de criptoativos, que apontam uma incoerência entre a exposição indireta via MicroStrategy e o veto direto aos ETFs.
Impacto nos Fundos da Vanguard
Essa exposição indireta ao Bitcoin implica que movimentos bruscos no preço da criptomoeda podem impactar o desempenho dos fundos mútuos da Vanguard que contêm ações da MicroStrategy. Isso é especialmente relevante em momentos de forte volatilidade do BTC — tanto para cima quanto para baixo — o que pode amplificar os ganhos ou perdas desses fundos, ainda que o portfólio seja amplamente diversificado.
Entretanto, para os investidores da Vanguard, essa exposição pode representar uma oportunidade: uma forma de participar do crescimento do mercado de criptomoedas sem sair do universo regulado e conhecido dos fundos tradicionais.
O Crescimento dos Produtos Financeiros Ligados ao Bitcoin
O mercado financeiro está em constante adaptação à ascensão do Bitcoin e dos ativos digitais. Empresas do setor preveem uma onda de novos produtos relacionados à criptomoeda, incluindo:
- ETFs de Bitcoin alavancados;
- ETFs de venda a descoberto;
- Empréstimos garantidos por Bitcoin;
- Contas de poupança com rendimento em BTC;
- Fundos institucionais híbridos (cripto + ações).
Essa movimentação sinaliza uma crescente demanda por instrumentos que ofereçam exposição ao Bitcoin dentro de estruturas regulatórias. É possível que, no futuro, mesmo instituições conservadoras como a Vanguard sejam pressionadas a reconsiderar suas políticas para atender esse mercado em expansão.
Tabela: Exposição da Vanguard ao Bitcoin via MicroStrategy
Indicador |
Valor |
Ações da MSTR detidas pela Vanguard |
1,126 milhão |
Participação na empresa |
8,24% |
BTC sob custódia da MicroStrategy |
189.150 BTC |
Valor investido em BTC |
US$ 5,9 bilhões |
Fundos afetados |
Total Stock, Small-Cap, Growth, Extended Market |
A Vanguard representa um caso emblemático da nova dinâmica entre finanças tradicionais e criptomoedas. Ainda que a gestora mantenha uma postura cética e evite produtos diretamente ligados ao Bitcoin, sua posição na MicroStrategy acaba resultando em uma significativa exposição indireta ao ativo digital.
Essa estratégia “não-intencional” permite à Vanguard atender parcialmente ao interesse crescente dos investidores em criptoativos, sem comprometer sua política de aversão a riscos extremos. À medida que o mercado de criptomoedas amadurece e se integra mais profundamente ao sistema financeiro, é provável que outras instituições adotem caminhos semelhantes para equilibrar inovação, segurança e diversificação.