O cenário das blockchains de Camada 1 (L1) está mudando radicalmente. A dominância outrora indiscutível da Ethereum está sendo desafiada por novas redes que crescem em métricas, adoção e inovação. De acordo com Alex Svanevik, CEO da Nansen, “nenhuma blockchain detém mais liderança absoluta” no ecossistema Web3. Durante o evento LONGITUDE by Cointelegraph, ele revelou dados que mostram como o Ethereum caiu de 96% do valor total bloqueado (TVL) em 2021 para apenas 51% em 2025, segundo a DeFiLlama. Esse declínio evidencia a nova dinâmica do setor, marcada por fragmentação, competição e avanços tecnológicos distribuídos.
Resumo rápido (TL;DR)
- Ethereum perdeu dominância de TVL: caiu de 96% (2021) para 51% (2025).
- Solana lidera a concorrência, superando Ethereum em atividade on-chain.
- Taxas menores, velocidade e UX colocam Solana como polo de inovação.
- Redes como Avalanche, Sui, Aptos e Sei disputam atenção no mercado L1.
- Especialistas alertam sobre blockchains criadas por hype sem retenção real.
- Web3 vive era de fragmentação estrutural com 5-6 blockchains competitivas.
- Ethereum precisa inovar e escalar para manter relevância no novo contexto.
- Adoção sustentável supera métricas temporárias de volume e hype.
- Panorama atual exige mais estratégia, adaptação e diferenciação das redes.
- Investidores e desenvolvedores estão atentos a fundamentos de longo prazo.
Solana desponta como principal concorrente do Ethereum
A Solana se consolidou como a principal ameaça à liderança do Ethereum, com crescimento expressivo em diversas métricas on-chain. Dados da Nansen mostram que a Solana já supera o Ethereum em número de endereços ativos diários e volume de transações. Com estrutura mais eficiente e taxas de gás extremamente baixas, a rede se tornou referência entre desenvolvedores de DApps, DeFi e games Web3.
Embora o Ethereum ainda detenha o maior TVL, com cerca de US$ 52 bilhões, a agilidade e o custo-benefício da Solana a tornam uma alternativa atraente para projetos que priorizam usabilidade e escalabilidade. O modelo de consenso da Solana, aliado ao seu ecossistema crescente, amplia sua competitividade a cada ciclo.
“Solana já é mais usada que Ethereum em algumas métricas. O domínio não é mais absoluto.” — Alex Svanevik, CEO da Nansen
Concorrência crescente entre L1s menores
Além da Solana, outras blockchains L1 como Avalanche, Sui, Aptos e Sei buscam consolidar espaço no setor. Essas redes oferecem propostas diferenciadas em escalabilidade, interoperabilidade e performance. No entanto, especialistas alertam para o risco de dependência do hype. Vardan Khachatryan, da Fastex, destaca que muitas dessas redes surgem com grandes expectativas, mas carecem de adoção sustentável.
Segundo Khachatryan, “cadeias surgem no hype, mas poucas mantêm crescimento real e retenção de usuários a longo prazo”. Essa observação reforça a importância de diferenciar redes com fundamentos sólidos de projetos criados para captar capital durante ciclos de alta.
Blockchain |
Diferencial técnico |
Risco principal |
Solana |
Alta escalabilidade, UX otimizada |
Histórico de falhas técnicas em 2022-2023 |
Avalanche |
Subnets para personalização de apps |
Concorrência direta com Ethereum L2s |
Aptos |
Linguagem Move e velocidade de blocos |
Dependência de adoção institucional |
Sui |
Execução paralela e alta performance |
Baixa liquidez e comunidade incipiente |
Fragmentação da Web3: múltiplos líderes emergentes
O setor de blockchain está deixando para trás o modelo de hegemonia única. De acordo com Svanevik, de cinco a seis blockchains estão hoje em estágios avançados de consolidação e dominância regional ou temática. Essa fragmentação redefine as dinâmicas de mercado e exige novas estratégias por parte de investidores e desenvolvedores.
Essa nova realidade fragmentada implica:
- Diversificação de capital e liquidez entre múltiplas redes.
- Desenvolvedores criando aplicações cross-chain nativas.
- Incentivos cada vez mais competitivos para atrair usuários e builders.
- Governança mais flexível e interoperabilidade como vantagem estratégica.
O desafio do Ethereum: escalar e se reinventar
Apesar de ainda ser a principal referência em contratos inteligentes e segurança, o Ethereum enfrenta um desafio crucial: escalar com eficiência sem comprometer a descentralização. As atualizações recentes como o The Merge e a Pectra são tentativas de manter a rede na vanguarda, mas a pressão por inovação é cada vez maior.
Os próximos passos da Ethereum, incluindo melhorias em layer 2, fragmentação via sharding e otimizações de UX com abstraction, serão determinantes para sua permanência como líder no setor. A competição acirrada exige mais do que ser o pioneiro — é preciso evoluir continuamente.
O domínio absoluto da Ethereum no universo das blockchains L1 está sendo desafiado de maneira inédita. Com a ascensão da Solana e o surgimento de diversas redes competitivas, o cenário se tornou multipolar, fragmentado e altamente dinâmico. Desenvolvedores, investidores e usuários agora têm mais opções — e também mais responsabilidade para avaliar fundamentos, comunidades e estratégias de longo prazo.
Embora a Ethereum ainda lidere em muitos aspectos, seu papel como “única” blockchain dominante já é passado. O futuro da Web3 será construído sobre múltiplas infraestruturas, com soluções especializadas, interoperáveis e voltadas para diferentes perfis de uso. O ecossistema está amadurecendo, e com ele, a corrida pela liderança está apenas começando.