A China iniciou um movimento estratégico ao conceder discretamente isenções tarifárias para mais de 100 produtos oriundos dos Estados Unidos, totalizando aproximadamente US$ 40 bilhões em importações. A medida representa cerca de 24% de tudo o que o país asiático importou dos EUA em 2024. A nova lista inclui 131 itens, como produtos farmacêuticos, químicos industriais e insumos estratégicos. Segundo analistas, essa política não visa agradar os EUA, mas sim mitigar impactos econômicos domésticos resultantes da prolongada guerra comercial.
Resumo rápido (TL;DR)
- China isenta tarifas sobre ~US$ 40 bilhões em produtos dos EUA.
- Nova lista cobre 131 itens, incluindo insumos críticos para indústria.
- Medida representa 24% do total importado dos EUA em 2024.
- Isenções visam proteger setores vulneráveis da economia chinesa.
- Estratégia é similar às isenções dos EUA sob Trump (22% em 2020).
- Produtos como etano e químicos essenciais estão entre os beneficiados.
- Ministério do Comércio da China avalia retomar diálogo comercial.
- Empresas locais participam identificando itens indispensáveis.
- Crescimento chinês desacelera, com projeções rebaixadas para ~4%.
- Recuo tarifário pode sinalizar abertura para negociações futuras.
O que está incluído nas isenções tarifárias?
Os produtos liberados das tarifas chinesas incluem itens farmacêuticos, produtos químicos industriais e matérias-primas essenciais como etano. Esses produtos enfrentavam tarifas de até 125% antes da isenção. Agora, empresas chinesas podem importar esses insumos sem encargos adicionais, o que alivia a pressão sobre cadeias produtivas críticas.
Embora não haja anúncio oficial detalhado, a informação foi confirmada por fontes do setor industrial e pelo próprio Ministério do Comércio, que admitiu estar ajustando a política de tarifas com base em informações diretas das empresas locais.
Produto |
Uso industrial |
Tarifa anterior |
Status atual |
Etano |
Produção de plásticos |
125% |
Isento |
Químicos orgânicos |
Fármacos e insumos eletrônicos |
95% |
Isento |
Vitaminas sintéticas |
Suplementos e alimentos |
90% |
Isento |
Paralelo com as políticas dos EUA
A tática da China espelha parcialmente medidas adotadas anteriormente pelos EUA. Durante o governo Trump, Washington também aplicou isenções seletivas, removendo tarifas sobre cerca de US$ 102 bilhões em produtos chineses — o que representava 22% das importações. Entre os itens excluídos estavam eletrônicos e smartphones, importantes para o consumo doméstico e a indústria de tecnologia.
Essa abordagem reforça a leitura de que ambas as potências estão dispostas a flexibilizar suas barreiras comerciais quando necessário, em favor da estabilidade econômica interna, mesmo em meio a tensões políticas.
“Cadeias produtivas não podem ser reconfiguradas com base em tarifas voláteis. A China está sendo pragmática.” — Gerard DiPippo, Centro RAND
Impactos econômicos e diplomáticos
Analistas da Bloomberg Economics afirmam que as isenções podem reduzir pressões inflacionárias e criar margem para um eventual reengajamento diplomático. Com a economia chinesa crescendo abaixo das metas oficiais (projeção atual de 4%, contra os 5% esperados), aliviar as tarifas se tornou imperativo.
O Ministério do Comércio já sinalizou abertura para retomar conversas com Washington, após receber comunicações diplomáticas preliminares. As autoridades chinesas também pediram às empresas que sinalizem quais produtos americanos são “insubstituíveis”, para ajustar a lista de isenções com base nas necessidades industriais mais urgentes.
Reação dos mercados e projeções
Nos mercados, a notícia foi bem recebida, com analistas projetando uma possível normalização gradual das relações comerciais sino-americanas. Isso pode beneficiar exportadores dos EUA, especialmente nos setores de energia, químicos e tecnologia médica.
Ao mesmo tempo, bancos como UBS e Goldman Sachs rebaixaram suas previsões de crescimento da China para 4%, destacando a urgência de medidas anticíclicas. A flexibilização tarifária é vista como parte de uma estratégia maior para evitar colapso industrial e controlar os danos macroeconômicos da guerra comercial.
A decisão da China de conceder isenções tarifárias para US$ 40 bilhões em produtos dos EUA representa uma virada estratégica no impasse comercial entre as duas maiores economias do mundo. Ao priorizar o pragmatismo econômico em detrimento da retaliação política, Pequim sinaliza preocupação com sua recuperação industrial e busca preparar o terreno para um possível retorno ao diálogo bilateral.
Com a desaceleração do crescimento e a fragilidade de cadeias produtivas, essa flexibilização pode ser o início de uma nova fase na relação China-EUA — menos focada em confronto e mais voltada à cooperação sob condições realistas.