Carolina do Norte aprova projeto para criar fundo de reserva de Bitcoin

Em uma decisão que coloca a Carolina do Norte na linha de frente da inovação financeira entre os estados americanos, a Câmara dos Representantes aprovou, em 30 de abril de 2025, o Projeto de Lei 92, conhecido como “projeto da Reserva Estratégica de Bitcoin”. Aprovado sob a liderança de Destin Hall, presidente da Câmara, o projeto autoriza o estado a investir em ativos digitais — com destaque para o Bitcoin — por meio de instrumentos financeiros como ETFs. A medida é vista como uma resposta ao desafio da inflação e como uma forma de modernizar a estratégia de investimentos públicos.

Resumo rápido (TL;DR)

O que diz o Projeto de Lei 92

O Projeto de Lei 92 autoriza a criação de um fundo específico para investir em ativos digitais, especialmente Bitcoin, por meio de produtos financeiros regulados, como ETFs (Exchange-Traded Funds). Embora ainda não permita a compra direta da criptomoeda, a medida é considerada um marco para o reconhecimento de ativos digitais como instrumento legítimo de investimento público.

Segundo Hall, o objetivo é proteger os ativos do estado contra a inflação e, ao mesmo tempo, potencializar o desempenho do fundo ao longo dos anos. A ideia de incluir Bitcoin como ativo estratégico reflete uma mudança no paradigma fiscal, com o governo explorando novas classes de ativos para diversificação e modernização financeira.

Volatilidade em pauta: equilíbrio entre inovação e segurança

A proposta foi debatida intensamente na Câmara. A deputada Maria Cervania expressou preocupações com a alta volatilidade dos criptoativos, levantando questões sobre o impacto em fundos públicos em caso de queda abrupta no valor do Bitcoin.

Em resposta, Keith Kidwell, outro legislador, argumentou que o risco é comparável ao de investimentos em ações e commodities, e que a diversificação é a chave da estabilidade. Ele comparou a abordagem à de “um corretor experiente que administra a carteira com visão de longo prazo”. O fato de os investimentos se darem por meio de ETFs contribui para mitigar os riscos diretos da custódia e das flutuações diárias do mercado.

Outros estados seguem caminho similar

A Carolina do Norte não está sozinha. O Arizona aprovou legislações que permitem o uso de até 10% de seus fundos públicos em ativos digitais, sendo pioneiro entre os estados americanos. A cidade de Roswell, Novo México, foi mais longe, tornando o Bitcoin uma moeda de reserva oficial.

Essa movimentação é parte de uma tendência nacional crescente. O envolvimento político com criptomoedas reflete a pressão de comunidades cripto e a percepção de que os ativos digitais têm potencial para proteger as finanças públicas de políticas monetárias inflacionárias federais.

Local Status Política cripto implementada
Carolina do Norte Aprovado na Câmara Investimentos via ETFs vinculados ao Bitcoin
Arizona Em vigor Investimento de até 10% dos fundos públicos em criptoativos
Roswell, NM Implementado Bitcoin como moeda de reserva oficial

Exemplo internacional: Brasil e o caso do Rio de Janeiro

No Brasil, o Rio de Janeiro anunciou recentemente medidas similares ao permitir o uso de Bitcoin para pagamentos de IPTU e declarar intenção de alocar parte de seu tesouro municipal em criptoativos. A medida, impulsionada pela regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), demonstra que a aceitação institucional está crescendo não apenas nos Estados Unidos, mas também em economias emergentes.

Isso evidencia um fenômeno global: governos, tanto locais quanto nacionais, estão buscando ativamente maneiras de incorporar ativos digitais às suas estratégias financeiras — seja como reserva de valor, meio de pagamento ou mecanismo de inovação fiscal.

A aprovação do Projeto de Lei 92 pela Câmara da Carolina do Norte marca uma nova etapa na integração de ativos digitais à política econômica estadual. Ao optar por fundos regulados em vez da compra direta de criptomoedas, os legisladores encontraram um meio-termo entre inovação e responsabilidade fiscal.

Com apoio do governador e alinhamento com tendências nacionais e internacionais, o projeto representa um avanço estratégico que poderá ser replicado por outros estados e cidades nos próximos anos. Em um mundo onde o papel do dinheiro está sendo reavaliado, a Carolina do Norte se posiciona como uma das pioneiras na construção de uma política financeira que reconhece o valor dos criptoativos como ferramenta legítima de gestão pública.